Quando Jorge Sampaio, regressado de uma viagem à Finlândia, mentiu sobre o sistema educativo finlandês, ao dizer que os professores passavam mais de 50 horas nas escolas, não foi sequer contraditado. Nessa altura não havia blogues e a esquerda socialista ainda não tinha mostrado a falta de consideração pelos professores.
Muitos acreditaram. Deixaram-se enganar.
A verdade é muito diferente.
Poucos países dão maior autonomia aos professores. O sistema educativo finlandês oferece um mix de currículo nacional - ensina-se os mesmos conteúdos em todas as escolas do país - com a possibilidade de os professores escolherem as metodologias e os meios mais ajustados às populações escolares locais. As escolas gozam de ampla autonomia na execução do currículo.
Os governantes não usam a educação para fazerem propaganda política. E não fazem dos professores os bodes expiatórios dos males da sociedade.
Quem visita escolas finlandesas fica surpreendido com várias coisas:
A tranquilidade e serenidade que reinam nas escolas. A tal ponto que não são necessários funcionários auxiliares e as secretarias se resumem a um funcionário que dá conta da burocracia. Regra geral um funcionário da câmara municipal local que dá apoio, em tempo parcial, a uma escola.
Os professores trabalham em equipa e dispõem de meios tecnológicos - computadores, scanners e fotocopiadoras - para prepararem na escola os materiais de ensino.
Os casos de indisciplina na sala de aula são muito raros e os professores não perdem o tempo a manter a ordem e a serenar os ânimos.
Não existem exames nacionais a não ser à saída do ensino secundário. Mas os alunos com dificuldades de aprendizagem são objeto de um tratamento especial, sendo encaminhados para apoios tutoriais a cargo de professores especializados. Cerca de 30% dos alunos passam por este tipo de apoio ao longo da escolaridade de 12 anos.
As turmas são pequenas: raramente têm mais de 20 alunos.
Mas o que realmente importa na Finlândia é o modo como os professores são selecionados a montante e a jusante.
Só os melhores alunos do secundário conseguem vaga nos cursos de formação inicial de professores. Para cada 100 vagas costuma haver mais de 1000 candidatos. E os melhores alunos são objeto de entrevistas para verificação do perfil psicológico e cultural dos candidatos.
Uma vez inscritos nos cursos de formação inicial de professores, segue-se um período de cinco anos de formação com mestrado incluído. Após o mestrado, os candidatos a professores passam por um período de exercício com supervisão pedagógica a cargo dos professores mais experientes.
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