domingo, 12 de junho de 2011

A banalização da violência juvenil

Há uma linha de fronteira entre a violência juvenil episódica, seguida de responsabilização dos agressores, e a banalização da violência.

Essa linha de fronteira foi ultrapassada há muito tempo em demasiadas escolas do nosso país.

Entrámos no terreno da naturalização da violência. Aceitamo-la como inevitável, baixamos os braços porque não há nada que se possa fazer. Em certos meios com poder nas organizações escolares, vence a ideia de que vale mais não fazer nada do que enfrentar o fenómeno. Responsabilizar, nunca! Dá chatices, cria problemas, perturba o entendimento entre os vários stakeholders que integram a estrutura de poder das escolas. Todos ganham em ignorar. Encobrir. Fingir que não existe.


Não existem ordens escritas para mandar calar. Mas também não são precisas. Quem não cala tem problemas. A mensagem é clara e passa através de atos, omissões, recados e conversas de corredor.

A banalização da violência juvenil é coisa nova. Mas a violência juvenil é tão antiga como a Humanidade. O que é realmente novo é a naturalização da coisa. Fruto de décadas de desresponsabilização dos agressores. O resultado do discurso hegemónico de uma esquerda educacional frouxa que traz na boca o rosário da educação para a cidadania e nas mãos a prática da aceitação da brutalidade, da lei dos mais forte e da guetização cultural, étnica e social. 

Para a esquerda que manda nas escolas há várias décadas, há sempre um mas, uma desculpa, uma razão para não agir. E é nesse território da nação, onde a esquerda manda, que medra a violência e a construção da sua banalização. 

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