Fala também tu, fala em último lugar, diz a tua sentença.
Fala — Mas não separes o Não do Sim.
Dá à tua sentença igualmente o sentido: dá-lhe a sombra.
Dá-lhe sombra bastante, dá-lhe tanta quanta exista à tua volta repartida entre a meia-noite e o meio-dia e a meia-noite.
Olha em redor: como tudo revive à tua volta! — Pela morte! Revive! Fala verdade quem diz sombra.
Mas agora reduz o lugar onde te encontras:
Para onde agora, oh despido de sombra, para onde?
Sobe.
Tacteia no ar.
Tornas-te cada vez mais delgado, irreconhecível, subtil!
Mais subtil: um fio, por onde a estrela quer descer: para em baixo nadar, em baixo, onde pode ver-se a cintilar: na ondulação das palavras errantes.
Paul Celan, trad. João Barrento e Y. K. Centeno
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