quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Renato Russo: há 15 anos a música brasileira perdia o poeta

 
Durante a década de 1980, a cultura brasileira foi tomada de assalto por um fenômeno cultural na música jovem, também conhecido como pop rock. Brasília, a capital da nação, serviu de ponto de encontro e de partida para alguns dos grandes nomes da indústria do pop rock brasileiro.

Em meio àquela imensa quantidade de grupos e artistas surgidos nos anos 80, os roqueiros de Brasília, influenciados pelos ecos do movimento punk, tomaram a cena de assalto e colocaram a música feita no Planalto Central definitivamente na mente e no coração do restante do país. Dentre as várias bandas que surgiram, ou tiveram seu começo na capital do país, existiu uma que, categoricamente, pertence ao grupo das cinco mais adoradas no Brasil em todos os tempos: Legião Urbana. Porém, a banda provavelmente não teria existido sem a liderança de Renato Russo.


Foto - Aborto Elétrico: Renato Russo, Fê Lemos e Flávio Lemos

Renato Manfredini Júnior nasceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 27 de março de 1960. Se mudou para Brasília em 1973 e em 1978 começou a dar os primeiros passos de sua incursão no universo música por meio da banda Aborto Elétrico, que teve em sua formação os irmãos (que anos mais tarde formaram o Capital Inicial) Fê e Flávio Lemos. O ano era 1979 e o grupo seguia os ecos do movimento Punk, surgido na Inglaterra dois anos antes. Em razão de divergências internas e incompatibilidade musical, a banda encerrou suas atividades, oficialmente, em 1982. Russo passa, então, a se apresentar sob a alcunha de "O Trovador Solitário", carreira esta que não foi adiante. Ainda naquele ano, surge a Legião Urbana.

Desde o início do projeto, Renato não apresentava tendências de que iria deixar de acreditar no próprio sucesso. Sua personalidade geniosa e articulada nunca negou os indícios de logo cedo estava certo de seu desejo por trilhar carreira musical. O posicionamento visionário do artista pode ser confirmado por meio de um diálogo durante o momento que marcou a saída de um dos músicos que compunham a Legião Urbana. "Anota aí, Paraná. A gente vai seguir com a banda. Quando você conseguir comprar um carro velho com o dinheiro que ganha com esse jazz rock, a gente já vai ter vendido um milhão de cópias", disse ele. As previsões estavam corretas. Pouco depois, a banda acertou sua formação e foi ao encontro de seu lugar entre os nomes mais populares e respeitados da música nacional.


Renato dialogava com a juventude por meio de músicas

A grandeza da banda confunde-se com o caráter icônico em torno da imagem de Renato Russo, fundador e líder do grupo. Russo exerceu o verdadeiro papel de porta-voz para com a juventude de toda uma geração. Em razão de uma habilidade incomum em lidar com temas juvenis, Renato Russo, através de sua obra, será eternamente um poeta, um guru e um mentor intelectual para a juventude brasileira que cultiva o apreço pelo pop rock feito no país. Através de poesia ácida, ele redigiu versos que chamam a atenção para o posicionamento do jovem diante de sua vivência. Um traço notável para que a Legião Urbana adquirisse a condição de sucesso está no estilo peculiar de construir as letras das canções. Renato, principal letrista do grupo, tinha por hábito escrever a partir das histórias que vivenciava ou de experiência de vida alheia. Seguindo essa lógica, é comum ao ouvinte ter a sensação de que conhece a situação narrada através do trabalho do artista.

Mesmo não assumindo um estereotipo de rock star, Renato viveu intensamente no epicentro do pentragrama que forma a equação básica para construir-se o rock and roll: talento, sucesso, sexo, drogas e confusões. Logo, é natural perceber que as letras das canções escritas por ele, há mais de 20 anos, ainda soam atuais para os jovens de hoje e, provavelmente, irão se perpetuar pelas demais gerações que surgirão.


O poeta se foi há 15, mas deixou um legado eterno

A Legião Urbana ficou na ativa por 14 anos, lançou um total de 13 discos e vendeu mais de 20 milhões de cópias. O trabalho solo de Renato rendeu quatro álbuns, sendo que dois deles foram lançados de maneira póstuma, pois, destino implacável ceifou a vida de Renato Russo em 11 de outubro de 1996. Naquele dia, complicações deccorentes da AIDS levaram a vida do roqueiro, que contava 36 anos de vida quando faleceu. Sua arte deixa como principal característica a escrita capaz de denunciar uma sociedade traiçoeira, competitiva e sem propostas para o futuro. Neste sentido, conclui-se que a obra do cantor e compositor, assim como de sua banda, a Legião Urbana, permanecerá como referência no cenário do rock nacional. Há exatos 15 anos após a sua morte, ainda é correto dizer que Renato não se enganou ao dizer que, "a verdadeira Legião Urbana são vocês".

Com CifraClubNews

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

oh Paul, oh Paul….

T

Ao menos esta é rica. Já sabes que não te vai chular a fortuna como a outra.

The Beatles — Something — Álbum: Abbey Road (1969)
“Something in the way she moves,
Attracts me like no other lover.
Something in the way she woos me.
I don’t want to leave her now,
You know I believe and how.
Somewhere in her smile she knows,
That I don’t need no other lover.
Something in her style that shows me.
I don’t want to leave her now,
You know I believe and how.
You’re asking me will my love grow,
I don’t know, I don’t know.
Stick around, and it may show,
But I don’t know, I don’t know.
Something in the way she knows,
And all I have to do is think of her.
Something in the things she shows me.
I don’t want to leave her now.
You know I believe and how.”

SITUAÇÃO DA ÁGUA É CRÍTICA NO PACÍFICO SUL


Colheitas estão sendo destruídas, escolas fecharam seus banheiros e funcionários do governo tomam banho em lagos, por causa da severa falta de água doce em uma porção do Pacífico Sul. Os grupos de ilhas de Tuvalu e Takelau declararam estado de emergência, estão usando água engarrafada e procuram mais máquinas de dessalinização. Em partes de Samoa, há racionamento de água.

As reservas estão precariamente baixas, depois de um longo período sem chuva na região, no qual reservas subterrâneas foram infiltradas pela subida do nível do mar – que cientistas ligam à mudança do clima, informa o HuffPost Green. Ninguém ainda passa sede, mas funcionários de governos estão preocupado com a logística de fornecer água suficiente para a sobrevivência, e com os potenciais problemas de saúde. Como as ilhas irão lidar com isto no longo prazo permanece uma incógnita.

“Estamos rezando para que as coisas mudem”, disse Jolilisi Suveinakama, do governo de Samoa. Seis meses de poucas chuvas secaram as ilhas. Cientistas do clima afirmam que isto é parte de um padrão cíclico do clima do Pacífico, conhecido como La Niña, e prevêm que nos meses seguintes não haverá alívio. A elevação do nível do mar está exacerbando o problema, e a água salgada se mistura a àgua doce subterrânea que é trazida à superfície por poços. Para os 1400 residente dos atóis que formam a isolada Takelau, a água doce acabou de vez na semana passada. Eles agora dependem de um suprimento de uma semana de água engarrafada, que foi enviado por Samoa.

Suveinakama disse que alguma escolas não têm mais água potável disponível, e que estudantes muitas vezes têm de voltar para casa se quiserem ir ao banheiro. Ele afirmou que Takelau, um território da Nova Zelândia, buscou fundos de emergência para comprar máquinas de dessalinização, e que espera que elas cheguem logo.

Em Tuvalu, uma nação de atóis baixos que tem  11.000 habitantes, a situação “é muito crítica”, disse Dean Manderson, da Cruz Vermelha. Ele afirmou que, nesta terca-feira, havia apenas 16 galões de água potável para 350 residentes e que sua organização estava providenciando duas máquinas pequenas de dessalinização.
 
Geotrilhas

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

U2 — “October” — Álbum: October (1981)

“October
And the trees are stripped bare

Of all they wear

What do I care

October
And kingdoms rise

And kingdoms fall

But you go on

And on”

“A vida é cheia de histórias”


A Vida é Cheia de Histórias.
“Ao ler, ouvir e ver estes testemunhos deparei-me com as dificuldades e sucessos, os sentimentos, as emoções e a boa disposição dos intervenientes. Sabemos que a vida de cada um, nem sempre foi fácil, mas a ligeireza com que nos é transmitida é algo único e cheio de significado.
Exemplos a seguir!
Não lamentem as rugas nem as mãos trémulas, pois são um claro sinal de sabedoria e muito trabalho.”
Artur Nunes, Presidente CM Miranda do Douro
Estes testemunhos de vida, materializados em audio e imagens fotográficas, apresentadas em fotografias impressas e vídeo, são as revelações de 17 histórias, 17 vidas representativas das 17 freguesias do Concelho de Miranda do Douro.
Patente na Casa da Música Mirandesa, Miranda do Douro, de 30 de Setembro a 30 Outubro 2011, esta exposição produzida pela Câmara Municipal de Mirandado Douro com a colaboração da Secção de Fotografia AAC, foi realizada como contributo de Teresa Rijo (recolha de testemunhos), Sónia Alves (tratamento de informação) e Raquel Vida. (fotografias).

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Expressões Idiomáticas

Erro Crasso
 
 
Significado: Erro grosseiro.
Origem: Na Roma antiga havia o Triunvirato: o poder dos generais era dividido por três pessoas. No primeiro destes Triunviratos, tínhamos: Caio Júlio, Pompeu e Crasso. Este último foi incumbido de atacar um pequeno povo chamado Partos. Confiante na vitória, resolveu abandonar todas as formações e técnicas romanas e simplesmente atacar. Ainda por cima, escolheu um caminho estreito e de pouca visibilidade. Os partos, mesmo em menor número, conseguiram vencer os romanos, sendo o general que liderava as tropas um dos primeiros a cair. Desde então, sempre que alguém tem tudo para acertar, mas comete um erro estúpido, dizemos tratar-se de um "erro crasso ".
 

Ter para os alfinetes
 
 
Significado: Ter dinheiro para viver.
Origem: Em outros tempos, os alfinetes eram objecto de adorno das mulheres e daí que, então, a frase significasse o dinheiro poupado para a sua compra porque os alfinetes eram um produto caro. Os anos passaram e eles tornaram-se utensílios, já não apenas de enfeite, mas utilitários e acessíveis. Todavia, a expressão chegou a ser acolhida em textos legais. Por exemplo, o Código Civil Português, aprovado por Carta de Lei de Julho de 1867, por D. Luís, dito da autoria do Visconde de Seabra, vigente em grande parte até ao Código Civil actual, incluía um artigo, o 1104, que dizia: «A mulher não pode privar o marido, por convenção antenupcial, da administração dos bens do casal; mas pode reservar para si o direito de receber, a título de alfinetes, uma parte do rendimento dos seus bens, e dispor dela livremente, contanto que não exceda a terça dos ditos rendimentos líquidos.»
 

Do tempo da Maria Cachucha
 
 
Significado: Muito antigo.
Origem: A cachucha era uma dança espanhola a três tempos, em que o dançarino, ao som das castanholas, começava a dança num movimento moderado, que ia acelerando, até terminar num vivo volteio. Esta dança teve uma certa voga em França, quando uma célebre dançarina, Fanny Elssler, a dançou na Ópera de Paris. Em Portugal, a popular cantiga Maria Cachucha (ao som da qual, no séc. XIX, era usual as pessoas do povo dançarem) era uma adaptação da cachucha espanhola, com uma letra bastante gracejadora, zombeteira.
 

À grande e à francesa
 
 
Significado: Viver com luxo e ostentação.
Origem: Relativa aos modos luxuosos do general Jean Andoche Junot, auxiliar de Napoleão que chegou a Portugal na primeira invasão francesa, e dos seus acompanhantes, que se passeavam vestidos de gala pela capital.
 

Coisas do arco-da-velha
 
 
Significado: Coisas inacreditáveis, absurdas, espantosas, inverosímeis.
Origem: A expressão tem origem no Antigo Testamento; arco-da-velha é o arco-íris, ou arco-celeste, e foi o sinal do pacto que Deus fez com Noé: "Estando o arco nas nuvens, Eu ao vê-lo recordar-Me-ei da aliança eterna concluída entre Deus e todos os seres vivos de toda a espécie que há na terra." (Génesis 9:16) Arco-da-velha é uma simplificação de Arco da Lei Velha, uma referência à Lei Divina. Há também diversas histórias populares que defendem outra origem da expressão, como a da existência de uma velha no arco-íris, sendo a curvatura do arco a curvatura das costas provocada pela velhice, ou devido a uma das propriedades mágicas do arco-íris - beber a água num lugar e enviá-la para outro, pelo que velha poderá ter vindo do italiano bere (beber).
 

Dose para cavalo
 
 
Significado: Quantidade excessiva; demasiado.
Origem: Dose para cavalo , dose para elefante ou dose para leão são algumas das variantes que circulam com o mesmo significado e atendem às preferências individuais dos falantes. Supõe-se que o cavalo, por ser forte; o elefante, por ser grande, e o leão, por ser valente, necessitam de doses exageradas de remédio para que este possa produzir o efeito desejado. Com a ampliação do sentido, dose para cavalo e suas variantes é o exagero na ampliação de qualquer coisa desagradável, ou mesmo aquelas que só se tornam desagradáveis com o exagero.
 

Dar um lamiré
 
 
Significado: Sinal para começar alguma coisa.
Origem: Trata-se da forma aglutinada da expressão «lá, mi, ré», que designa o diapasão, instrumento usado na afinação de instrumentos ou vozes; a partir deste significado, a expressão foi-se fixando como palavra autónoma com significação própria, designando qualquer sinal que dê começo a uma actividade. Historicamente, a expressão «dar um lamiré» está, portanto, ligada à música (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).
Nota: Escreve-se lamiré , com o r pronunciado como em caro.
 

Memória de elefante
 
 
Significado: Ter boa memória; recordar-se de tudo.
Origem: O elefante fixa tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atracções do circo.
 

Lágrimas de crocodilo
 
 
Significado: Choro fingido.
Origem: O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.                          
 

Não poder com uma gata pelo rabo
 
 
Significado: Ser ou estar muito fraco; estar sem recursos.
Origem: O feminino, neste caso, tem o objectivo de humilhar o impotente ou fraco a que se dirige a referência. Supõe-se que a gata é mais fraca, menos veloz e menos feroz em sua própria defesa do que o gato. Na realidade, não é fácil segurar uma gata pelo rabo, e não deveria ser tão humilhante a expressão como realmente é.
 

Afogar o ganso
 
 
Significado: Relação sexual; masturbação.
Origem: No passado, os chineses costumavam satisfazer as suas necessidades sexuais com gansos. Pouco antes de ejacularem, os homens afundavam a cabeça da ave na água, para poderem sentir os espasmos anais da vítima.
 

Mal e porcamente
 
 
Significado: Muito mal; de modo muito imperfeito.
Origem: «Inicialmente, a expressão era "mal e parcamente". Quem fazia alguma coisa assim, agia mal e eficientemente, com parcos (poucos) recursos. Como parcamente não era palavra de amplo conhecimento, o uso popular tratou de substituí-la por outra, parecida, bastante conhecida e adequada ao que se pretendia dizer. E ficou " mal e porcamente", sob protesto suíno.»
in A Casa da Mãe Joana, de Reinaldo Pimenta, vol. 1 (Editora Campus, Rio de Janeiro)
 

Fazer tijolo
 
 
Significado: Morrer.
Origem: Segundo se diz, existiu um velho cemitério mouro para as bandas das Olarias, Bombarda e Forno do Tijolo. O almacávar, isto é, o cemitério mourisco, alastrava-se numa grande extensão por toda a encosta, lavado de ar e coberto de arvoredo. Após o terramoto de 1755, começando a reedificação da cidade, o barro era pouco para as construções e daí aproveitar-se todo o que aparecesse. O cemitério árabe foi tão amplamente explorado que, de mistura com a excelente terra argilosa, iam também as ossadas para fazer tijolo. Assim, é frequente ouvir-se a expressão popular em frases como esta: 'Daqui a dez anos já eu estou a fazer tijolo'.
in 'Dicionário de Expressões Correntes' ; Orlando Neves
 

Fila indiana
 
 
Significado: Enfiada de pessoas ou coisas dispostas uma após outra.
Origem: Forma de caminhar dos índios da América que, deste modo, tapavam as pegadas dos que iam na frente.
 

Andar à toa
 
 
Significado: Andar sem destino, despreocupado, passando o tempo.
Origem: Toa é a corda com que uma embarcação reboca a outra. Um navio que está "à toa" é o que não tem leme nem rumo, indo para onde o navio que o reboca determinar.
 

Embandeirar em arco
 
 
Significado: Manifestação efusiva de alegria.
Origem: Na Marinha, em dias de gala ou simplesmente festivos, os navios embandeiram em arco, isto é, içam pelas adriças ou cabos (vergueiros) de embandeiramento galhardetes, bandeiras e cometas quase até ao topo dos mastros, indo um dos seus extremos para a proa e outro para a popa. Assim são assinalados esses dias de regozijo ou se saúdam outros barcos que se manifestam da mesma forma.
 

Cair da tripeça
 
 
Significado: Qualquer coisa que, dada a sua velhice, se desconjunta facilmente.
Origem: A tripeça é um banco de madeira de três pés, muito usado na província, sobretudo junto às lareiras. Uma pessoa de avançada idade aí sentada, com o calor do fogo, facilmente adormece e tomba.
 

Fazer tábua rasa
 
 
Significado: Esquecer completamente um assunto para recomeçar em novas bases.
Origem: A tabula rasa, no latim, correspondia a uma tabuinha de cera onde nada estava escrito. A expressão foi tirada, pelos empiristas, de Aristóteles, para assim chamarem ao estado do espírito que, antes de qualquer experiência, estaria, em sua opinião, completamente vazio. Também John Locke (1632 1704), pensador inglês, em oposição a Leibniz e Descartes, partidários do inatísmo, afirmava que o homem não tem nem ideias nem princípios inatos, mas sim que os extrai da vida, da experiência. «Ao começo», dizia Locke, «a nossa alma é como uma tábua rasa, limpa de qualquer letra e sem ideia nenhuma. Tabula rasa in qua nihil scriptum. Como adquire, então, as ideias? Muito simplesmente pela experiência.»
 

Ave de mau agouro
 
 
Significado: Diz-se de pessoa portadora de más notícias ou que, com a sua presença, anuncia desgraças.
Origem: O conhecimento do futuro é uma das preocupações inerentes ao ser humano. Quase tudo servia para, de maneiras diversas, se tentar obter esse conhecimento. As aves eram um dos recursos que se utilizava. Para se saberem os bons ou maus auspícios (avis spicium) consultavam-se as aves. No tempo dos áugures romanos, a predição dos bons ou maus acontecimentos era feita através da leitura do seu voo, canto ou entranhas. Os pássaros que mais atentamente eram seguidos no seu voo, ouvidos nos seus cantos e aos quais se analisavam as vísceras eram a águia, o abutre, o milhafre, a coruja, o corvo e a gralha. Ainda hoje perdura, popularmente, a conotação funesta com qualquer destas aves.
 

Verdade de La Palisse
 
 
Significado: Uma verdade de La Palice (ou lapalissada / lapaliçada) é evidência tão grande, que se torna ridícula.
Origem: O guerreiro francês Jacques de Chabannes, senhor de La Palice (1470-1525), nada fez para denominar hoje um truísmo. Fama tão negativa e multissecular deve-se a um erro de interpretação. Na sua época, este chefe militar celebrizou-se pela vitória em várias campanhas. Até que, na batalha de Pavia, foi morto em pleno combate. E os soldados que ele comandava, impressionados pela sua valentia, compuseram em sua honra uma canção com versos ingénuos: "O Senhor de La Palice / Morreu em frente a Pavia; / Momentos antes da sua morte, / Podem crer, inda vivia." O autor queria dizer que Jacques de Chabannes pelejara até ao fim, isto é, "momentos antes da sua morte", ainda lutava. Mas saiu-lhe um truísmo, uma evidência. Segundo a enciclopédia Lello, alguns historiadores consideram esta versão apócrifa. Só no século XVIII se atribuiu a La Palice um estribilho que lhe não dizia respeito. Portanto, fosse qual fosse o intuito dos versos, Jacques de Chabannes não teve culpa.
Nota: Em Portugal, empregam-se as duas grafias: La Palice ou La Palisse.
 

Comer muito queijo
 
 
Significado: Ser esquecido; ter má memória.
Origem: A origem desta expressão portuguesa pode explicar-se pela relação de causalidade que, em séculos anteriores, era estabelecida entre a ingestão de lacticínios e a diminuição de certas faculdades intelectuais, especificamente a memória. A comprovar a existência desta crença existe o excerto da obra do padre Manuel Bernardes "Nova Floresta", relativo aos procedimentos a observar para manter e exercitar a memória: «Há também memória artificial da qual uma parte consiste na abstinência de comeres nocivos a esta faculdade, como são lacticínios, carnes salgadas, frutas verdes, e vinho sem muita moderação: e também o demasiado uso do tabaco». Sabe-se hoje, através dos conhecimentos provenientes dos estudos sobre memória e nutrição, que o leite e o queijo são fornecedores privilegiados de cálcio e de fósforo, elementos importantes para o trabalho cerebral. Apesar do contributo da ciência para desmistificar uma antiga crença popular, a ideia do queijo como alimento nocivo à memória ficou cristalizada na expressão fixa « comer (muito) queijo».
 

Acordo leonino
 
 
Significado: Um «acordo leonino» é aquele em que um dos contratantes aceita condições desvantajosas em relação a outro contratante que fica em grande vantagem.
Origem: «Acordo leonino» é, pois, uma expressão retórica sugerida nomeadamente pelas fábulas em que o leão se revela como todo-poderoso.
 

Que massada
 
 
Significado: Exclamação usada para referir uma tragédia ou contra-tempo.
Origem: É uma alusão à fortaleza de Massada na região do Mar Morto, Israel, reduto de Zelotes, onde permaneceram anos resistindo às forças romanas após a destruição do Templo em 70 d.C., culminando com um suicídio colectivo para não se renderem, de acordo com relato do historiador Flávio Josefo.
 

Passar a mão pela cabeça
 
 
Significado: Perdoar ou acobertar erro cometido por algum protegido.
Origem: Costume judaico de abençoar cristãos-novos, passando a mão pela cabeça e descendo pela face, enquanto se pronunciava a bênção.
 

Gatos-pingados
 
 
Significado: Tem sentido depreciativo usando-se para referir uma suposta inferioridade (numérica ou institucional), insignificância ou irrelevância.
Origem: Esta expressão remonta a uma tortura procedente do Japão que consistia em pingar óleo a ferver em cima de pessoas ou animais, especialmente gatos. Existem várias narrativas ambientais na Ásia que mostram pessoas com os pés mergulhados num caldeirão de óleo quente. Como o suplício tinha uma assistência reduzida, tal era a crueldade, a expressão " gatos pingados " passou a denominar pequena assistência sem entusiasmos ou curiosidade para qualquer evento.
 

Queimar as pestanas
 
 
Significado: Estudar muito.
Origem: Usa-se ainda esta expressão, apesar de o facto real que a originou já não ser de uso. Foi, inicialmente, uma frase ligada aos estudantes, querendo significar aqueles que estudavam muito. Antes do aparecimento da electricidade, recorria-se a uma lamparina ou uma vela para iluminação. A luz era fraca e, por isso, era necessário colocá-las muito perto do texto quando se pretendia ler o que podia dar azo a " queimar as pestanas ".
 

Meter uma lança em África
 
 
Significado: Conseguir realizar um empreendimento que se afigurava difícil; levar a cabo uma empresa difícil.
Origem: Expressão vulgarizada pelos exploradores europeus, principalmente portugueses, devido às enormes dificuldades encontradas ao penetrar o continente africano. A resistência dos nativos causava aos estranhos e indesejáveis visitantes baixas humanas. Muitas vezes retrocediam face às dificuldades e ao perigo de serem dizimados pelo inimigo que eles mal conheciam e, pior de tudo, conheciam mal o seu terreno. Por isso, todos aqueles que se dispusessem a fazer parte das chamadas "expedições em África", eram considerados destemidos e valorosos militares, dispostos a mostrar a sua coragem, a guerrear enfrentando o incerto, o inimigo desconhecido. Portanto, estavam dispostos a " meter uma lança em África".
 

Ter ouvidos de tísico
 
 
Significado: Ouvir muito bem.
Origem: Antes da II Guerra Mundial (l939 a l945), muitos jovens sofriam de uma doença denominada tísica, que corresponde à tuberculose. A forma mais mortífera era a tuberculose pulmonar. Com o aparecimento dos antibióticos durante a II Guerra Mundial, foi possível combater este doença com muito maior êxito. As pessoas que sofrem de tuberculose pulmonar tornam-se muito sensíveis, incluindo uma notável capacidade auditiva. A expressão « ter ouvidos de tísico» significa, portanto, «ouvir tão bem como aqueles que sofrem de tuberculose pulmonar».

Ponto Negro

Certo dia, um professor entrou na sala de aula e disse aos alunos para se prepararem para uma prova relâmpago. Todos se sentiram assustados com o teste que viria.
O professor entregou, então, a folha com a prova virada para baixo, como era de costume... Quando puderam ver, para surpresa de todos, não havia uma só pergunta ou texto, apenas um ponto negro no meio da folha.
O professor, analisando a expressão surpresa de todos, disse:
- Agora vocês vão escrever um texto sobre o que estão vendo.
Todos os alunos, confusos, começaram a difícil tarefa. Terminado o tempo, o professor recolheu as folhas, colocou-se na frente da turma e começou a ler as redacções em voz alta.
Todas, sem excepção, definiram o ponto negro tentando dar explicações por sua presença no centro da folha.
Após ler todas, a sala em silêncio, ele disse:
- Esse teste não será para nota, apenas serve de aprendizado para todos nós. Ninguém falou sobre a folha em branco. Todos focaram as suas atenções no ponto negro. Assim acontece em nossas vidas. Temos uma folha em branco inteira para observar, aproveitar, mas sempre nos centralizamos nos pontos negros. Temos motivos para comemorar sempre a natureza que se renova, os amigos que se fazem presentes, o emprego que nos permite o sustento, os milagres que diariamente presenciamos. No entanto, insistimos em olhar apenas para o ponto negro. O problema de saúde que nos preocupa, a falta de dinheiro, o relacionamento difícil com um familiar, a decepção com um amigo. Os pontos negros são mínimos em comparação com tudo aquilo que temos diariamente, mas são eles que povoam nossa mente.
Pense nisso. Tire os olhos dos pontos negros da sua vida. Aproveite cada bênção, cada momento que Deus lhe dá. Um choro pode durar até o anoitecer, mas a alegria logo virá ao amanhecer. Tranquilize-se e ...

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sir Peter Lely



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Louise Renée de Penancoët de Kérouaille, aqui retratada em 1671

Ernst Ludwig Kirchner



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  A cor em explosão, no início do século passado.

Pierre Mignard



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Louise Renée de Penancoët de Kérouaille, Duquesa de Portsmouth (1649 – 1734), amante do rei Charles II de Inglaterra e antepassada de ambas as mulheres do actual príncipe de Gales, Diana Spencer e Camilla Parker-Bowles.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O fado está de luto: Morreu o guitarrista Jorge Fontes Rocha



Fontes Rocha - 1926-2011 

Fontes Rocha, falecido ontem, dia 16, foi homenageado pela Câmara de Lisboa e pelo Museu do Fado e o funeral realiza-se nesta quarta-feira de manhã, dia 17, da Basílica da Estrela para o cemitério dos Prazeres, em Lisboa, onde será sepultado no Talhão dos Artistas. Este grande musico e compositor foi electricista de profissão mas, vindo de uma família de músicos do Porto, onde nasceu, aventurou-se para Lisboa sabendo já tocar guitarra, convidado pelo exímio José Nunes, como contou num documentário da RTP. Tendo iniciado carreira no Restaurante Patrício, à calçada de Carriche, em Lisboa.
Integrou o conjunto de guitarras Raul Nery e, com este, tocou para todos os grandes do tempo, de Amália a Maria Teresa de Noronha, Hernínia Silva, Fernando farinha, Tristão da Silva, Tony de Matos, Tereza Tarouca, entre outros.
O seu avô foi regente e compositor da Banda de Santiago, tendo José Fontes Rocha, aprendido solfejo e violino. O pai, também músico, e quem o ensinou a tocar guitarra portuguesa.
Fontes Rocha é avô do também genial Ricardo Rocha.
Do restaurante na calçada de Carriche passou a tocar nas casas do Bairro Alto, nomeadamente na Adega Mesquita, casa sobre qual recordou à RTP os petiscos e a boa convivência. Mais recentemente integra o elenco do restaurante Senhor Vinho, de Maria da Fé e José Luís Gordo, e tocava actualmente, uma vez por semana, no Clube do Fado, de Mário Pacheco, junto à Sé.
José Fontes Rocha recebeu o Prémio Amália Rodrigues Melhor Compositor de Fado em 2005, na primeira edição destes prémios, apresentada por José La Feria no S. Luiz.
Acompanhando Amália Rodrigues, com quem tocou durante 12 anos, pisou alguns dos amis importantes palcos, nomeadamente o L’Olympia em Paris em 1968 e, integrado no conjunto de guitarras de Raul Nery o Lincoln Center de Nova Iorque com a Orquestra de André Kostelanetz, na temporada de 1969/1970.
Fontes Rocha participou no álbum “Com que voz”, álbum revolucionário em que Amália interpreta, entre outros, Luís de Camões, Cecília Meirelles, Alexandre O’Neill e David Mourão Ferreira.
Voltou a colaborar com a fadista na década de 1980, tendo escrito música para os seus poemas, “Lavava no rio, lavava”, “Trago fado nos sentidos” e “Tive um coração, perdi-o”.
“Cantarei até que a voz me doa”, poema de José Luís Gordo, cantado por Maria da Fé, tem música original sua.
Fernando Maurício, Maria José da Guia, Camané ou Joana Amendoeira, para quem compôs, um fado, foram outros nomes que acompanhou ao longo dos 50 anos de carreira.

Filhos do desleixo

Estes dados reportam-se ao Reino Unido. A realidade portuguesa não é diferente. Lá como cá, a escola visa sobretudo tirar os jovens das ruas, mantê-los na escola e fabricar estatísticas de sucesso. No Reino Unido, chamam-lhes os "filhos de Tony Blair". Que nome havemos de dar aos jovens portugueses que andam na escola, não aprendem nada e passam os tempos livres a deambular pelas ruas, pelos cafés e pelos bares? Filhos de Sócrates? 

O resultado é este:

Teaching a child to read and write is not difficult or expensive. Poorer countries than ours manage to do it. The statistics in the UK are staggering. A full 63 per cent of white working class boys, and just over half of black Caribbean boys at the age of 14 have a reading age of seven or below. 

Illiteracy is a life sentence. Studies show that about half of the prison population has a reading age below that of an 11 year old. Of the South London Gang I met three years ago, all bright but only semi-literate, three are now in prison. Fonte: The Spectator, 

In a recent survey 49 per cent of British parents did not know where their children were in the evenings or with whom. Some 45 per cent of 15 year old boys spent four or more evening a week hanging about ‘with friends’ compared to just 17 per cent in France. Tuggy Tug, the leader of the gang said of his friends, “I get more from them than I ever did from my family.” His recent jail sentence was his first experience of spending time with adult males. Fonte: The Spectator 
A degradação dos ambientes familiares, a ausência de figuras masculinas com autoridade, o abandono a que muitas crianças são sujeitas por parte de pais incompetentes e irresponsáveis estão a conduzir muitos jovens para a marginalidade e o crime. Isto está a acontecer no Reino Unido e em Portugal. 


As políticas assistenciais ajudam a comprar tempo mas não são suficientes para impedir a barbárie.

Uma barbárie que que já se vê na degradação da linguagem, ignorância, boçalidade, violência gratuita e falta de maneiras. Os professores convivem com a barbárie diariamente. Nem todos têm força anímica para reagir. Alguns acomodam-se. Outros identificam-se com os prevaricadores como forma de ganhar a simpatia deles. É uma técnica de sobrevivência que ficou conhecida como a síndrome de Estocolmo: a vítima identifica-se e liga-se emocionalmente aos algozes.


Tanto o Reino Unido como Portugal fornecem respostas erradas para estes problemas. Portugal aprovou legislação, em 2009, que agrava o problema: a lei do alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos de idade. 



Num lado e noutro, as políticas educativas e sociais visam apenas a limitação de danos: manter os jovens nas escolas, tirá-los das ruas e subsidiá-los para "andarem" na escola. Não importa a falta de assiduidade e de resultados. 



Resultado: os jovens são "educados" a verem premiada a falta de empenhamento e a irresponsabilidade. Munidos desses "ensinamentos", deixam a escola preparados para entrar na marginalidade e no crime. Os rapazes integram gangs e dedicam-se aos furtos. As raparigas engravidam. Eles tornam-se bandidos. Elas, mães. E o ciclo continua. Assim se fabrica a barbárie. Vemos, sabemos mas ignoramos.
 

Educação mariquinhas

Há mais de três décadas que andamos a doutrinar as crianças e jovens num processo de inversão de valores a que eu chamo de educação mariquinhas. Os resultados estão à vista: falta de resiliência, fraqueza de ânimo, vontade fraca, inconstância, irresponsabilidade, falta de respeito, imprudência e incapacidade para resistir à frustração.


Habituámos os nossos filhos e alunos a dependerem da gratificação imediata e eles tornaram-se incapazes de esperar por resultados que, no imediato, não geram prazer.

A dependência da gratificação imediata é o resultado de um processo de habituação gerado pela educação mariquinhas.

A criança faz uma birra porque quer a satisfação imediata de um desejo e os pais reforçam os comportamentos inadequados dando-lhe imediatamente o que ela quer.

A masculinidade e a feminilidade foram substituídas, em casa e na escola, pela androgenia. Os pais pelos paizinhos. As figuras masculinas com autoridade foram engolidas pelo tsunami do relativismo radical. Os pais e os professores, esgotados e confusos, deixaram-se levar pela onda mediática que reforça a tolerância e a ausência de padrões. Sem Deus, tudo nos é permitido, sem padrões, tudo se torna igual.

A firmeza substituída pela cedência. A verdade pela mentira. A responsabilização individual pela vitimização. Socializam-se os prejuízos e privatizam-se os benefícios. Pais e professores são pressionados pela cultura popular, veiculada pelos media tradicionais, para colocarem passadeiras vermelhas por onde quer que as crianças e jovens passem. Tirar do caminho das crianças e dos jovens todos os obstáculos, todas as tarefas difíceis. Exames? Não que traumatizam e criam desigualdades. Trabalho durante as férias? Não que isso é exploração de mão de obra infantil e juvenil. Responsabilizar civil e criminalmente os jovens criminosos? Não que isso é pura vingança e racismo social.

Esgotados e confusos, vencidos pela barbárie.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Cineterapia

Soderbergh filmou em finais de 2008, apanhando em cheio as consequências da crise do Lehman Brothers e o clima da campanha presidencial norte-americana. Todos os actores estão a representar-se a si próprios de alguma forma, incluindo o único elemento profissional do elenco: Sasha Grey, actriz porno, aqui no papel de prostituta de luxo. Foi-lhes pedido para improvisar, foram deixados à solta – e isso nota-se a um ponto que chega a surpreender e incomodar. Gastou pouco mais de 1 milhão de euros e usou uma pequeníssima equipa de produção. Em 16 dias fez a versão negra do Sex, Lies and Videotape.
20 anos antes, um triângulo romântico ligava jovens adultos na descoberta da inexistência do amor. O amor não passava de instinto, medo e narcisismo. Mas havia um final feliz à espera dos iniciados. Quem conseguisse descer aos infernos da lucidez, aí tomando posse de si pelo verbo, regressaria à superfície afectiva para ser aspergido pela abençoada chuva da confiança. A confiança era superior ao amor da mesmíssima forma como o ser é superior ao nada.
20 anos depois, temos também um triângulo amoroso que levará ao desaparecimento de um casal, porém sem redenção no horizonte. Adultos abastados usam dinheiro para tentar comprar confiança sob o pretexto de quererem sexo. Sexo e dinheiro são já elementos destituídos de qualquer fascínio. Deixaram de atrair, embora não possam deixar de existir. Mas é preciso continuar a acumular dinheiro e a consumir sexo, tal como é preciso continuar a respirar e a comer. Não há, literalmente, mais nada para fazer no topo da pirâmide. E ninguém o sabe melhor do que uma prostituta que trabalha como namorada. Oferece a suprema ilusão, o simulacro do bem maior: a tal salvífica confiança. Tão precioso é este bem que também ela o procura apesar de já o ter encontrado. E nessa ganância o irá perder através de um investimento amoroso falhado.
Soderbergh filma personagens assustadas com a crise económica, dando conselhos para se comprar ouro, zangadas porque perderam negócios, tentando criar esquemas para aumentar os seus rendimentos, discutindo o funcionamento da Reserva Federal, mandando palpites acerca de McCain e Obama, expressando a sua descrença no bailout aos bancos americanos. Estão apavoradas, o seu mundo ameaça ruir. Compram mulheres só para as poderem abraçar. E dão-lhes abraços desesperadamente sinceros, porque sinceramente desesperados.
Nesta nova economia do amor, a confiança é apocalíptica.

In: Aspirina B

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Nuno Crato versus Nuno Arrobas

Santana Castilho *
Ouvi o professor Nuno Crato, no domingo, no programa do professor Marcelo. Sujeito a perguntas indigentes, nada disse. Só falou! Uma excepção: Nuno Crato estabeleceu bem a diferença entre estar no Governo e estar de fora. Quando se está no Governo, disse, “tem de se saber fazer as coisas”; quando se está de fora, esclareceu, apresentam-se “críticas e sugestões, independentemente da oportunidade”. A feliz dicotomia trouxe a luz: arquivemos Nuno Crato, crítico, e ajudemos Nuno Arrobas, ministro, a saber fazer as coisas. Eis sugestões oportunas:
Desista de implodir o ministério, mas discipline-o. Se não sabe o que fazer, contenha-se enquanto aprende. Mas respeite quem trabalha para preparar o próximo ano lectivo. Desleixo, impreparação e descoordenação são qualificativos apropriados para referir a trapalhada dos últimos dias. Ora extinguiram turmas de cursos de Educação e Formação de Adultos, ora as recuperaram. Feito o trabalho com base nas informações de meio de Julho, veio a directora-geral da Inovação e Desenvolvimento Curricular dizer, a 29, que, afinal, a música era outra. E para partitura, puxou de um decreto-lei que respeitava à Saúde ou de outro que já não era. Não demore a explicar esta palhaçada. Se o Nuno, o Arrobas, não souber fazer as coisas, tente o outro, o Crato! Mas faça algo, rápido!
Da próxima vez que tenha uma folhinha A4 com 7 princípios para entreter, não convoque tantos sindicalistas e jornalistas. Para o efeito, o correio chega. Passemos à substância do seu papelinho sobre a avaliação do desempenho. Como o espaço não chega para tudo, aceito o seu número cabalístico e refiro 7 tópicos:
1. A desonestidade política de um dos partidos que agora representa no Governo, o PSD, não o obrigava a si, Nuno Arrobas, ministro, a dar a pirueta final duma sucessão sem escrúpulos. O senhor tinha 10 princípios orientadores inscritos no programa eleitoral do PSD. Os mesmos assumidos na proposta de lei apresentada na Assembleia da República pelo respectivo grupo parlamentar. Aqueles que eu escrevi, a pedido de Passos Coelho, e que ele exibiu com orgulho quando interpelado por Clara de Sousa na SIC. Ao ignorá-los agora, olimpicamente, o senhor mostrou que não sabe nem quer aprender. Porque aqueles princípios eram um expediente certo, política e tecnicamente, para acabar com o monstro kafkiano. Os seus 7 são mais do mesmo, embora disfarçados com o laçarote sedutor da “burrocratização” dos professores. Estão para o passado como Isabel Alçada esteve para Maria de Lurdes Rodrigues. Lamento, mas, até aqui, o senhor é uma Alçada de calças. Concedo que a versão é melhorada.
2. A cultura organizacional vigente nas escolas é autocrática e centralista. Afastou os professores, como nunca tinha acontecido, das decisões com relevância educativa. Essa cultura gerou o clima de intranquilidade e conflito que o Nuno, o Crato, o crítico, evocou, mas o outro Nuno, o Arrobas, o ministro, empurra com a barriga. Isto só se resolve com uma intervenção simultânea nos modelos de gestão e de avaliação.
3. Não persista, Nuno Arrobas, num erro que o Nuno Crato veria num fósforo: não pode regulamentar a avaliação do desempenho sem mexer nos artigos 40 a 49 do Estatuto. Foi o que eu fiz, na proposta de lei que redigi a pedido de Passos Coelho, e o grupo parlamentar do PSD apresentou na outra legislatura. É elementar. Já leu o que esses artigos estipulam?
4. Não o incomoda a pobreza do argumento com que defende as quotas? Então mantém as quotas porque estão na lei geral? Mantém as quotas porque sem elas os professores eram todos excelentes? Desse estranho rigor resultaria a inacção total do Governo a que pertence. Nada mudaria desde que estivesse na lei? Não! Quando a lei está errada, não mudamos os argumentos para a manter. Mudamos a lei. E as quotas estão erradas. Os professores não são todos excelentes. Mas só os podemos distinguir se tivermos instrumentos de classificação capazes de lhes atribuir notações diferentes. E esse é o seu problema e o problema de todos que querem medir o desempenho dos professores como quem pesa batatas. Imagine, para ver se entende, que o júri das Olimpíadas de Matemática não conseguia distinguir um entre 33 candidatos finais e, apesar disso, atribuía a medalha de ouro ao que tivesse o cabelo mais louro. O Senhor não teria ido ao aeroporto receber o seu herói de Alcanena. Só por ele ser moreno!
5. Há mais 3 erros estratégicos, para além do que já referi, que ditarão o seu colossal falhanço, Nuno Arrobas, ministro: se persistir num modelo universal, igual para todas as escolas e para todos os professores; se não separar avaliação de classificação; se dissociar o desempenho do professor do desempenho da escola em que trabalha.
6. Exemplos de penúria na debilidade dos seus princípios: esqueceu o papel central dos departamentos; esqueceu os contratados; não tem a mínima noção da confusão e dos custos que resultam da envolvência de professores de outras escolas; não sabe o que significa uma avaliação hierarquizada; cede ao “eduquês” com a treta do Programa Educativo do Professor; mantém a lógica entre pares, com o desplante de dizer que a termina; demonstra um irrealismo grave, pensando que inicia uma negociação destas a 22 de Agosto para a terminar a 9 de Setembro, ao mesmo tempo que ridiculariza ainda mais Passos Coelho que, há duas semanas, dizia que 3 meses não chegavam.
7. Finalmente, pergunte ao Nuno, ao Crato, se ele acha que o que o Nuno, o Arrobas, propõe para avaliar o desempenho vai melhorar a qualidade do ensino. Se os bons profissionais virão a ser reconhecidos. Se os maus serão ajudados. Se as respostas forem negativas, recue até 12 de Agosto. Não se preocupe com a inconstância. Depois do que já se viu, ninguém achará grave. A resignação vigente é a do Tiririca: pior não fica!
* Professor do ensino superior (s.castilho@netcabo.pt)

Erika Yamashiro


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Recorte contemporâneo

Cecilia Beaux


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Sonhadora ou melancólica?

Cecilia Beaux

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Jovem retratada em 1893, na companhia de um gato discreto

terça-feira, 26 de julho de 2011

Nuances preciosas da linguagem

E, de repente, os atentados na Noruega deixaram de ser acções terroristas, e passaram a ser atentados da extrema-direita. Respirei de alívio. Uff…

Então, está bem. Quando as mortes são provocadas por gente de pele clara e, eventualmente, de olhos azuis, a coisa já não é assim tão grave. Pelo menos, de terror não têm nada.

Entretanto, na Líbia, sete explosões (que linda nuance da linguagem!) fizeram-se ouvir, durante a noite, em zona residencial onde é suposto viver Kadaffi. Aqui, também não há terror nenhum. Quando as explosões não são provocadas por um carro armadilhado, ou por explosivos amarrados à cintura, mas por sofisticados aviões da NATO, tudo é perfeitamente legítimo e, principalmente, democrático. E o sangue, ossos e carne espalhados em virtude das explosões, são, apenas «efeitos especiais» - perdão: efeitos colaterais. Aconteceu, paciência. Vítimas? Se houve, eram todas escuras….

Por outras palavras:

-As bombas brancas, enfim, são coisas que acontecem;

- As bombas escuras, são coisas terríveis;

- O sangue dos brancos, é mesmo sangue;

- O sangue dos escuros, é uma coisa avermelhada e viscosa;

- Os brancos, podem sempre bombardear os escuros;

. Os escuros são terroristas, se bombardearem os brancos;

- E, principalmente: os brancos podem sempre ir à terra dos escuros buscar as coisas  engraçadas que eles têm lá. Chama-se a isso desenvolvimento, progresso e, muitas vezes, ajuda humanitária.

Eu gosto muito de ser branco.

E assim vai o mundo, como dizia o outro…

 João Carlos

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Castilho dá porrada no Ramiro e no Nuno


Um dos partidos a cujo Governo Nuno Crato pertence, no caso o PSD, tem um extenso documento, que escrevi, sobre o curriculum do básico, se é que a purga de Maio não o queimou. O Professor Ramiro Marques confunde os seus leitores ao tentar demonstrar que errei, quando refiro que a adaptação é a recuperação do diploma que a AR inviabilizou (com o beneplácito do PSD). Não digo que é igual. Digo que é a recuperação da visão de Isabel Alçada. E é. Dela e de Maria de Lurdes Rodrigues. Até a questão do par de EVT, cuja diferença eu realço, é invocada, em jogo de cintura, como se eu a não tivesse referido. Para discordarmos, o que é salutar, não precisamos de manipular a nosso favor o que os outros escrevem. O rigor é exigível, minimamente exigível. 

Não tenho a certeza que mais tempo para Matemática e Língua Portuguesa não contribuirão para melhorar os resultados. Tenho é a certeza de que a iniciativa certa está longe de ser a mesma para todo o país. Isso é o que defendo no meu artigo e o Professor Ramiro Marques ignora. Verifico é que, com menos horas, há alunos que conseguem notas altíssimas, 20 mesmo. Sei, e sabe qualquer professor de sala de aula, que mais horas são inadequadas para muitos. Sei é que os milhares de horas do PAM e do PNL não deram, aparentemente, grandes resultados. Como não deram as horas a mais que já derivavam do Estudo acompanhado. Sei é que a Pedagogia é eminentemente especulativa e que nenhum decisor político maduro pode decidir sem considerar a opinião dos que estão no terreno. Defendi, defendo e continuarei a defender isso, até concluir que estou errado. Ser-me-ia grato que colocasse à apreciação dos seus leitores este meu esclarecimento.

Com os meus cumprimentos,Santana Castilho

domingo, 24 de julho de 2011

Janis Winehouse sobre a filha: "Ela parecia fora de si"

Mãe da cantora contou a jornal inglês sobre os últimos momentos ao lado da filha famosa
QUEM online; Foto Getty Images
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Janis conta sobre os últimos momentos ao lado da filha, na sexta-feira (22)
Janis Winehouse, mãe de Amy Winehouse, contou em entrevista ao jornal inglês "Daily Mail" que a morte da filha "era uma questão de tempo". Ela também relatou como foram os últimos momentos ao lado da cantora, com quem esteve 24 horas antes de sua morte, no sábado (23). "Ela parecia completamente fora de si. Não consegui digerir ainda sua morte assim tão de repente", disse Janis, que contou ainda que ela e a filha passaram uma tarde agradável na sexta-feira (22). "Ela me disse 'eu te amo, mamãe' quando fui me despedir. São palavras preciosas que me farão sempre lembrar de Amy."
Mitch Winehouse, pai de Amy, estava em turnê em Nova York quando ficou sabendo do ocorrido. De acordo com a publicação, apesar de ter ficado arrasado com a morte da filha ele admitiu que tentará ser forte por amor à ela. "Estou voltando para casa. Eu tenho que estar com Amy. Não posso desabar por causa dela. Minha família precisa de mim."
Neste domingo (24), a família de Amy Winehouse divulgou um comunicado à imprensa em que lamenta a morte da cantora e pede privacidade. "Ela deixa uma lacuna em nossas vidas. Ela era uma sobrinha, irmã e filha maravilhosa. Estamos nos reunindo para lembrar dela e gostaríamos de privacidade e espaço neste momento terrível."
ENTENDA O CASO
A cantora foi encontrada morta em sua casa, em Camden, Londres, na tarde de sábado (23). Apesar de ainda não ter sido divulgada a causa da morte especula-se que ela tenha acontecido em função de uma overdose de drogas e álcool. Uma fonte contou ao "Daily Mail" que Amy comprou cocaína, heroína, ecstasy e ketamina (utilizada como tranquilizante para cavalos) na noite anterior a sua morte. "Até este momento o caso vem sendo tratado como sem explicação e não aconteceram prisões que estivessem ligadas ao episódio", disse um porta-voz da polícia em comunicado.
A necrópsia do corpo de Amy Winehouse deverá ser feita apenas na segunda-feira (25). De acordo com a imprensa britânica, o funeral pode acontecer na terça-feira (26), assim que os trabalhos da perícia forem concluidos. Amy tinha um forte histórico de problemas com drogas e álcool e já havia sido internada inúmeras vezes em clínicas de reabilitação. Em junho, ela precisou suspender sua turnê pela Europa por conta de sua saúde debilitada e por não conseguir concluir as apresentações.