quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O fado está de luto: Morreu o guitarrista Jorge Fontes Rocha



Fontes Rocha - 1926-2011 

Fontes Rocha, falecido ontem, dia 16, foi homenageado pela Câmara de Lisboa e pelo Museu do Fado e o funeral realiza-se nesta quarta-feira de manhã, dia 17, da Basílica da Estrela para o cemitério dos Prazeres, em Lisboa, onde será sepultado no Talhão dos Artistas. Este grande musico e compositor foi electricista de profissão mas, vindo de uma família de músicos do Porto, onde nasceu, aventurou-se para Lisboa sabendo já tocar guitarra, convidado pelo exímio José Nunes, como contou num documentário da RTP. Tendo iniciado carreira no Restaurante Patrício, à calçada de Carriche, em Lisboa.
Integrou o conjunto de guitarras Raul Nery e, com este, tocou para todos os grandes do tempo, de Amália a Maria Teresa de Noronha, Hernínia Silva, Fernando farinha, Tristão da Silva, Tony de Matos, Tereza Tarouca, entre outros.
O seu avô foi regente e compositor da Banda de Santiago, tendo José Fontes Rocha, aprendido solfejo e violino. O pai, também músico, e quem o ensinou a tocar guitarra portuguesa.
Fontes Rocha é avô do também genial Ricardo Rocha.
Do restaurante na calçada de Carriche passou a tocar nas casas do Bairro Alto, nomeadamente na Adega Mesquita, casa sobre qual recordou à RTP os petiscos e a boa convivência. Mais recentemente integra o elenco do restaurante Senhor Vinho, de Maria da Fé e José Luís Gordo, e tocava actualmente, uma vez por semana, no Clube do Fado, de Mário Pacheco, junto à Sé.
José Fontes Rocha recebeu o Prémio Amália Rodrigues Melhor Compositor de Fado em 2005, na primeira edição destes prémios, apresentada por José La Feria no S. Luiz.
Acompanhando Amália Rodrigues, com quem tocou durante 12 anos, pisou alguns dos amis importantes palcos, nomeadamente o L’Olympia em Paris em 1968 e, integrado no conjunto de guitarras de Raul Nery o Lincoln Center de Nova Iorque com a Orquestra de André Kostelanetz, na temporada de 1969/1970.
Fontes Rocha participou no álbum “Com que voz”, álbum revolucionário em que Amália interpreta, entre outros, Luís de Camões, Cecília Meirelles, Alexandre O’Neill e David Mourão Ferreira.
Voltou a colaborar com a fadista na década de 1980, tendo escrito música para os seus poemas, “Lavava no rio, lavava”, “Trago fado nos sentidos” e “Tive um coração, perdi-o”.
“Cantarei até que a voz me doa”, poema de José Luís Gordo, cantado por Maria da Fé, tem música original sua.
Fernando Maurício, Maria José da Guia, Camané ou Joana Amendoeira, para quem compôs, um fado, foram outros nomes que acompanhou ao longo dos 50 anos de carreira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário