quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Filhos do desleixo

Estes dados reportam-se ao Reino Unido. A realidade portuguesa não é diferente. Lá como cá, a escola visa sobretudo tirar os jovens das ruas, mantê-los na escola e fabricar estatísticas de sucesso. No Reino Unido, chamam-lhes os "filhos de Tony Blair". Que nome havemos de dar aos jovens portugueses que andam na escola, não aprendem nada e passam os tempos livres a deambular pelas ruas, pelos cafés e pelos bares? Filhos de Sócrates? 

O resultado é este:

Teaching a child to read and write is not difficult or expensive. Poorer countries than ours manage to do it. The statistics in the UK are staggering. A full 63 per cent of white working class boys, and just over half of black Caribbean boys at the age of 14 have a reading age of seven or below. 

Illiteracy is a life sentence. Studies show that about half of the prison population has a reading age below that of an 11 year old. Of the South London Gang I met three years ago, all bright but only semi-literate, three are now in prison. Fonte: The Spectator, 

In a recent survey 49 per cent of British parents did not know where their children were in the evenings or with whom. Some 45 per cent of 15 year old boys spent four or more evening a week hanging about ‘with friends’ compared to just 17 per cent in France. Tuggy Tug, the leader of the gang said of his friends, “I get more from them than I ever did from my family.” His recent jail sentence was his first experience of spending time with adult males. Fonte: The Spectator 
A degradação dos ambientes familiares, a ausência de figuras masculinas com autoridade, o abandono a que muitas crianças são sujeitas por parte de pais incompetentes e irresponsáveis estão a conduzir muitos jovens para a marginalidade e o crime. Isto está a acontecer no Reino Unido e em Portugal. 


As políticas assistenciais ajudam a comprar tempo mas não são suficientes para impedir a barbárie.

Uma barbárie que que já se vê na degradação da linguagem, ignorância, boçalidade, violência gratuita e falta de maneiras. Os professores convivem com a barbárie diariamente. Nem todos têm força anímica para reagir. Alguns acomodam-se. Outros identificam-se com os prevaricadores como forma de ganhar a simpatia deles. É uma técnica de sobrevivência que ficou conhecida como a síndrome de Estocolmo: a vítima identifica-se e liga-se emocionalmente aos algozes.


Tanto o Reino Unido como Portugal fornecem respostas erradas para estes problemas. Portugal aprovou legislação, em 2009, que agrava o problema: a lei do alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos de idade. 



Num lado e noutro, as políticas educativas e sociais visam apenas a limitação de danos: manter os jovens nas escolas, tirá-los das ruas e subsidiá-los para "andarem" na escola. Não importa a falta de assiduidade e de resultados. 



Resultado: os jovens são "educados" a verem premiada a falta de empenhamento e a irresponsabilidade. Munidos desses "ensinamentos", deixam a escola preparados para entrar na marginalidade e no crime. Os rapazes integram gangs e dedicam-se aos furtos. As raparigas engravidam. Eles tornam-se bandidos. Elas, mães. E o ciclo continua. Assim se fabrica a barbárie. Vemos, sabemos mas ignoramos.
 

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